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O Efeito da Graduação na Vida Pessoal

É mais de meia noite. Esse texto é um desabafo, um grito de socorro em meio a tantas obrigações.
Não é novidade eu faço um curso de engenharia numa faculdade estadual, e acredite, não falo isso feliz como falei quando passei no vestibular e queria anunciar aos sete ventos minha conquista. Falo isso para começar a narrar a triste vida que levamos. Não posso falar por aquilo que não vivo, então estou aqui falando apenas por mim, na minha situação, na minha pele. Se alguém discorda, que bom. Se alguém concorda, sinceramente lamento, pois a situação não está boa.
Sei que existem muitas pessoas pelo mundão que estão em situações piores, e pessoas que dariam tudo para estar no meu lugar. Mas, pera aí, isso não é uma competição sobre quem está mais a fundo no poço da vida. É sempre importante refletir e fazer críticas a fim de que as coisas melhorem, ao invés de ficarmos inertes assistindo as coisas como elas são, como se tudo estivesse na sua mais perfeita ordem, quando na verdade, as coisas estão bem ruins.
Vamos lá. Sou assumidamente feminista e me interesso por diversos assuntos que envolvem não só a luta das mulheres, como assuntos de política (eu sei que feminismo envolve política, e que as coisas são interligadas, mas vamos facilitar o diálogo), causa LGBT, e até as pautas da luta contra o racismo (mesmo que eu não pertença a essa minoria) me interessam. Eu gosto de ler artigos e livros, assistir a documentários e séries, escrever textos etc. Eu gosto de viver, ter identidade, ser além da minha vida acadêmica, ser HUMANA.
A queixa que me cabe é não conseguir conciliar a minha vida pessoal com o meu desempenho satisfatório na universidade. Este semestre, bem como o último, temos 30 créditos semanais, o que significa 30 horas de aulas. Fora as atividades extracurriculares como iniciação científica e afins. Cada disciplina tem duas ou três provas no semestre, e algumas ainda tem seminários (nada mal né?), outras têm relatórios semanais e mais atividades semanais valendo nota. Parece muito simples seguir o algoritmo do sucesso para obter um bom rendimento escolar e ser feliz, mas na prática, quando você precisa suprir as demandas fisiológicas e cumprir todas suas tarefas acadêmicas, você percebe que sua força de vontade se tornou inútil. A cada segunda-feira, sua missão é simplesmente dar conta de tudo da faculdade, tendo (com sorte) dormido de sete a oito horas por noite, tomado banho todos os dias e ter tido refeições minimamente saudáveis. 
Ao longo das semanas letivas, você já nem se admira de não ter tido tempo para ver um filme, ou sair com os amigos. E se você sai? Sua cabeça geralmente permeia a lista mental de relatórios e provas. É difícil querer um rendimento satisfatório e ter plena paz quando se resolve relaxar. Não é vitimismo dizer que vivemos um terror psicológico constante. 
É claro que existem pessoas que lidam facilmente com todas as cobranças e têm uma vida social bacana. Mas eu não sou um gênio, me considero dentro da normalidade, na média.
O que mais me fere atualmente, é não ter tempo de ser engajada naquilo que me move. O momento mais libertador da minha vida foi quando conheci e abracei o feminismo. E hoje, eu sequer paro para ler as principais notícias que envolvem a causa. Eu não estou satisfeita como a feminista que sou e não estou satisfeita como a engenheira química que estou tentando ser. 
O conhecimento científico da área que escolhi pode alimentar a minha mente, mas não é isso que alimenta minha alma. Eu não acho justo que minha alma morra de fome em prol da loucura a que estou sendo acostumada a viver. E o sentimento que tenho é que existe uma jaula entre mim e o mundo, que não é possível alcançar aquilo que me faz bem porque estou sempre ocupada com as coisas que preciso ao invés das coisas que quero fazer.
Que tipo de vida é essa?
Não é raro encontrar quem já tenha deixado de tomar banho porque precisava estudar para uma prova. E se confortar à alguém, já aconteceu comigo, e eu sei que não fui a única. Ficar com o cabelo sujo em semana de prova, comer miojo, pão ou o que tiver pela frente não é difícil acontecer. Limpar a casa em mês de prova é um luxo sem tamanho, bem como cozinhar exemplarmente. Veja que não só a saúde mental, como a saúde física ficam comprometidas facilmente em meio a essa rotina infernal.
Está tudo bem. Afinal, como dizem certos professores "vocês só fazem a minha matéria". Aluno não tem família, não tem problemas pessoais, não tem dificuldade, não tem que dormir, comer, tomar banho e descansar. Aluno é robô, e se você não estiver bem programado, o errado é você que não se dedicou e não tem força de vontade. Não deu tempo, por quê? O que você faz da meia noite às seis? "Você tem que se acostumar com o ritmo, engenharia é assim". "Vocês estão reclamando demais, sempre foi assim, sempre deram conta".
Seria extremamente prazeroso continuar esse meu lapso de ser humana, mas como já disse na primeira linha deste texto, é madrugada e amanhã lá vem eles novamente, eu sei o que vão fazer. Reinstalar o sistema.

Terrorismo nosso de cada dia

Estava conversando com meu pai esses dias sobre violência. Segundo ele, e vários outros adultos ou idosos, vivemos tempos mais perigosos, tempos de mais ódio e mais violência.
Eu não duvido que seja verdade que tenha havido aumento da criminalidade, até mesmo porque existem várias justificativas para esse fenômeno. Mas o ponto em que pretendo chegar não se relaciona exatamente a criminalidade como roubo ou assalto a mão armada.
Na conversa meu pai falou que devido aos casos de terrorismo que têm chegado até mesmo ao Brasil, não é mais possível ter paz e segurança. 
Tá, e dai?
Podem me chamar de Drama Queen, ou o que seja,  mas esse medo não é nada comparado ao nosso medo constante dos homens. Vejo meu pai e outras pessoas chocadas e apavoradas por causa das notícias de atentados, mas sabe, isso não me abala. Eu sei que a chance de eu sair na rua sozinha a noite e não voltar é maior do que a chance de morrer por um atentado terrorista.
E quanto ao terror que vivem os LGBTs? Lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais morrem todos os dias por preconceito. O preconceito que mata mais do que qualquer um desses atentados. O problema é diário, o terror é constante, mas aparentemente não é importante o suficiente para que haja uma força-tarefa que previna mais vítimas do ódio. Até mesmo porque sabemos que o ódio que mata tantos é regado e justificado pela religião. O estado é "laico" mas a sentença é dada pela igreja, e neste caso é a pena de morte. LGBTs são espancados, perseguidos, abandonados, expulsos de casa e humilhados. Existe terror maior do que não poder amar?
Infelizmente, os números alarmantes de estupros e mortes de mulheres também não são suficientes para comover a sociedade ao ponto de medidas efetivas serem tomadas pelos órgãos competentes. Talvez, se os homens (cis, brancos e héteros) morressem da mesma forma que mulheres, LGBTs e negros todos os dias, o Brasil fosse diferente. Até mesmo mais seguro.
Em todos os tipo de violência, as mulheres são os alvos mais fáceis. Assaltos no trânsito, em pontos de ônibus, na rua e até dentro de casa. Nós somos mais visadas, mais atacadas e mais esquecidas. 
Eu sempre vivi o terrorismo. Eu e todas as outras mulheres que já tiveram medo de andar sozinha a noite, que já tiveram medo de usar uma roupa, que já ouviram cantadas ofensivas, que já foram tocadas sem que quisessem no transporte público, que já foram expostas na internet ou tantas outras formas de terror que vivenciamos todos os dias.
Na cidade em que estudo e consequentemente moro, Araraquara, uma jovem da minha idade (19 anos), que estava num ponto de ônibus, sofreu um estupro coletivo. Três homens estupraram uma garota e até mesmo a violentaram com um pedaço de cana.
Por quanto tempo essa garota vai ser lembrada até que venha um novo caso? Aparentemente, isso tornou-se normal. "Ela é só mais uma". E quem vai ser a próxima? Eu? Você? Sua irmã/mãe/namorada?
Quem se preocupa com atentado terrorista agora não sabe o que é enxergar em todo homem um homem-bomba.

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Coisas parecidas não são iguais.

As pessoas, em geral, tem a tendência de confundir coisas parecidas. Ultimamente, eu vivenciei alguns episódios que me levaram a refletir a respeito. 
Nas últimas semanas, minha universidade passou por certa turbulência, pois uma parte dos alunos queria fazer uma Greve Estudantil. Os problemas que estavam em questão eram principalmente a falta de bolsas de permanência suficientes para todos os alunos, o medo da privatização da pós graduação, a contratação de professores e (estava escrito nas pautas) contra o golpe.
Pois bem, vamos lá. Começando de traz para frente nessa questão, aqui vai a MINHA opinião, que assim como cada um tem a sua eu também tenho a minha. Seja ou não seja golpe, isso não é pauta para fazer greve na universidade. Muitos alunos que apoiam a causa da permanência não concordam com a questão política e os movimentos estudantis têm que buscar a imparcialidade. 
Com relação à contratação de professores, sabemos que o país não está num bom momento e a economia está sim bem fragilizada. Isso não significa que a causa não é importante, isso só significa que não é hora de pedir mais professores e menos substitutos.
A privatização da pós graduação. Eu já havia visto a existência desse tópico há um certo tempo, e pesquisei mais a respeito quando vi as pautas da Greve. A questão é que a privatização ficou a cargo de cada universidade, não foi uma imposição feita pelo governo nem nada. Ou seja, se uma universidade pública quiser instaurar a cobrança para mestrado e/ou doutorado, ela pode. Acontece que a minha universidade, no caso, não se manifestou dizendo que tomaria tal atitude. Sendo assim, eu entendo que não é o momento de reivindicar essa pauta, visto que a UNESP não aderiu a cobrança.
E então chegamos na mais relevante e importante das pautas, a permanência estudantil. Quando eu soube que havia pessoas desistindo do curso por falta de comida, isso me deixou profundamente magoada. Quem é realmente próximo a mim, sabe que eu pensei em mil ações para ajudar essas pessoas. 
Embora seja obrigação do governo prover condições para as pessoas estudarem de forma digna, eu acho simplesmente hipocrisia as pessoas fazerem greve para ajudar quem passa fome, mas não ter coragem de dividir o que tem. Não deixa ninguém mais pobre passar no mercado e comprar um pacote de arroz, feijão, leite, etc. Não somente isso, mas quem conhece o ambiente universitário sabe como é possível movimentar dinheiro. Festas universitárias são sempre uma opção para melhorar o orçamento de repúblicas, e o lucro poderia muito bem ser revertido para a compra de cestas básicas. Além disso, poderiam vender rifas e artigos como moletons, camisetas e afins (bem como as comissões de formatura fazem) para arrecadar dinheiro para as pessoas que precisam de auxílio para pagar aluguel. Até mesmo propus a arrecadação de absorventes para ajudar as meninas que estejam passando por essa situação de precariedade, visto que absorvente é relativamente caro.
Infelizmente, os estudantes não têm apoio verdadeiramente legal para fazer greves. Inclusive, no regimento de nossa Universidade, as faltas coletivas estão claramente declaradas como faltas que não serão repostas e não prevê Greve Estudantil. O fato de não termos suporte e proteção legal para fazer esse tipo de movimento prejudica a todos alunos uma vez que nossos professores continuam suas atividades normalmente. Uma turma inteira ficou com zero em uma prova de Física por não conseguir entrar na universidade por conta de um piquete feito na porta do instituto.
Vários alunos da universidade são bolsistas de Iniciação Científica e, portanto, não podem ter recuperações ou reprovações. Como ajudar os alunos que precisam de permanência sem prejudicar os alunos que possuem bolsas de IC? Não vi as pessoas favoráveis a greve incentivarem esse tipo de conversa e discussão. Algumas pessoas realmente mostravam que não queriam ajudar os colegas, apenas queriam a greve.
Enfim. O problema é que o ódio se instaurou. As pessoas pró-greve começaram a odiar as pessoas contra a greve e começaram a dizer "vocês são egoístas etc". Confundir coisas muito próximas é um erro bem comum no mundo. Vamos analisar. Ser contra a greve estudantil não significa que a pessoa é contra as pautas da greve, significa apenas que a pessoa é contra a greve como medida de solução. Sendo assim, ser contra a greve não significa ser contra a permanência, nem contra as classes mais carentes. 
Alguns generalizavam como se aqueles que são contra a greve representassem a Direita na universidade (inclusive sites de partidos de esquerda acabaram publicando matérias nas quais classificavam os estudantes contrários a greve como a Direita).
Uma pessoa de esquerda não necessariamente tem que concordar com tudo que um grupo de pessoas de esquerda propõe, e muito menos concordar com todos os movimentos e greves. É preciso filtro, análise e senso crítico. Ser de esquerda é ser a favor das classes mais pobres e dos direitos iguais para todos independente da renda, sem privilégios baseados no dinheiro etc. As pessoas que são contra a Greve não necessariamente são a Direita na universidade. É preciso menos julgamento e mais pensamento para não confundir o cu com a bunda em certos casos.
Não somente nisso, mas também sobre feminismo.
Estava no meu Facebook e vi postagens sobre sororidade não ser sobre amar as mulheres que te fizeram mal. De fato, sororidade não é sobre amar as mulheres que te fizeram mal!
Sororidade é sobre trocar de lugar, entender que a luta não é só das outras, mas também é nossa. Sororidade é entender algo mais forte nos une, o preço que pagamos diariamente pela nossa natureza.
É importante saber que mesmo você não sendo melhor amiga da pessoa e mesmo tendo muitas diferenças ideológicas com ela, vocês continuam tendo uma luta em comum, e como toda luta, é melhor se unir para lutar.
Uma coisa que tenho percebido bem comum também é algumas garotas associarem a sororidade com a afinidade. Pois bem, eu posso até não ter amizade e não gostar de várias coisas que uma garota fez e faz, mas o feminismo me ensinou a separar as coisas. Talvez isso seja mais sobre amadurecer ou até mesmo algo pessoal meu. Não sei. O que sei é que independente de eu desgostar de várias coisas que uma garota faz, e mesmo que eu não queira a amizade nela para o meu dia-a-dia, eu sei que temos uma luta juntas, e que é preciso se unir. Não tem como se dizer feminista e achar que não tem obrigação de ajudar uma mulher só porque não tem amizade ou porque não vai com a cara dela. Mais errado ainda é boicotar e difamar uma mulher seja lá pelo que for, mana.
Bom, resumindo, acho que é preciso parar para pensar mais. Às vezes, nem tudo é o que parece, e você que paga de "desconstruído/a" acaba gerando preconceitos. Além disso, não adianta achar que só pode lutar do seu lado por direitos iguais as mulheres que você aprova, coleguinha. A luta não é PARA VOCÊ, a luta é POR NÓS. Vamos melhorar, vamos PENSAR!

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Mulheres nos Ministérios e Machismo

Recentemente, estamos vivendo um triste período de retrocesso no cenário político brasileiro. Michel Temer assume, de forma golpista, a presidência e divulga sua lista de ministros. O assunto gerou polêmica pelo fato de não haverem mulheres e negros nos ministérios.
Surgiu uma postagem no Facebook dizendo que os ministérios precisam de gente competente, e que não é Power Rangers para ter negros e mulheres. Primeiramente, os ministérios contém sete investigados pela Lava Jato, então a parte do "gente competente" está meio falha.
A esposa de um dos novos ministros disse que era uma "reclamação boba" reclamar sobre a falta de mulheres no ministério. É importante ressaltar que Temer é o primeiro presidente sem mulheres nos ministérios desde a ditadura militar.
Mas afinal, porque queremos mulheres nos ministérios? 
Isso se trata de representatividade. É inegável que precisamos de medidas que promovam constantemente igualdade de direitos entre homens e mulheres, que promovam a conscientização da população sobre questões machistas e sobre a cultura do estupro.
Mulheres sofrem todos os dias com assédios, ofensas, violência física, salários inferiores, pessoas que duvidam de nossa capacidade intelectual, menos oportunidades de emprego, relacionamentos abusivos, medo de andar sozinha etc. 
Só uma mulher sabe o que uma mulher passa! Só uma mulher sabe do que uma mulher precisa! Só mulheres podem representar os interesses de mulheres. E é por isso que precisamos de mulheres nos ministérios, para que mulheres cuidem dos nossos interesses e direitos. Colocar homens para defender nossas causas é como colocar o destino de uma zebra nas mãos de um bando de leões. 
É fácil para a esposa de um ministro deixar de lado os interesses coletivos para pensar em benefícios individuais que receberá. Isso acontece porque aqui no Brasil, infelizmente, a condição de político deixa de ser uma situação temporária para ser uma situação quase vitalícia. Assim, criam-se duas classes de pessoas, diferenciando-se o povo e os políticos, visto que o tratamento de uma classe não é o mesmo tratamento da outra. A segunda categoria deixa de representar os interesses da primeira, pois sabe que dificilmente perderá seus benefícios políticos.

Em meio ao cenário caótico que vivemos, ainda somos sujeitas a ver certos tipos de pessoas desqualificarem nossas reivindicações. No Blog do Aluizio Amorim, vemos uma mostra do pensamento machista que associa a aparência de uma mulher ao seu valor. No texto, Aluizio associa as reclamações à petistas e "esquerdistas" como se as demais mulheres do mundo não precisassem ser representadas. Aluizio coloca ainda duas fotos, comparando a esposa de Temer às 'mulheres de Dilma' dizendo "...resolvi ilustrar este post com duas fotografias mostrando as mulheres da Dilma e a mulher do Presidente Michel Temer. E está tudo explicado." .
Queria deixar claro que o lugar das mulheres não é somente como coadjuvantes na política, servindo de enfeite aos seus maridos políticos. Mulheres devem ter voz ativa nas decisões do país e não ficarem somente de bocas fechadas aceitando tudo que seus maridos (e os demais homens) decidem. 

Se o papel da mulher, para Aluízio, é apenas ser uma esposa bonita ao invés de uma mulher de decisões, aposto que não somente as mulheres da esquerda e tampouco somente as petistas que acreditam que Aluízio Amorim é mais um machista com uma masculinidade frágil, que se sente mais seguro vendo uma mulher como simples apêndice masculino do que como tomadora de decisões. Isso porque vários homens, mesmo sabendo da força e competência de mulheres, prefere deixá-las afastadas para garantir sua hegemonia. 
Isso nos leva a pensar no porquê de Temer não ter colocado mulheres nos ministérios. Tenho certeza de que eu e você concordamos de que existem mulheres competentes o bastante para estarem com cargos ministeriais. Mas será que Temer não concorda conosco e acredita que mulheres são menos competentes que homens para desempenhar o mesmo papel? Ou será que Temer tem medo de que outra mulher tire a hegemonia das mãos de homens como aconteceu anteriormente com a Presidente Dilma? 

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Internet e Feminismo

Recentemente, vi uma matéria da Globo, gravada em um bloquinho de carnaval, cujo assunto era o assédio sexual que as mulheres sofrem. Na matéria foram ouvidos homens e mulheres a respeito do tema e a mensagem no final era de que o homem deve entender que não é NÃO. Ótima matéria, aplaudo de pé a atitude da emissora (que tem grande alcance e influencia na população). 
Após assistir a isso, fiquei refletindo sobre como seria nossa luta sem a internet. Será que essa matéria estaria no ar? De uma mídia que tem a coragem de fazer enquetes perguntando se as pessoas aprovam ou não o beijo forçado e se as mulheres com roupas curtas merecem ou não ser estupradas será que receberíamos o pingo de visibilidade que estamos recebendo hoje?
É engraçado como nos esquecemos de como a informação se difundia de forma mais censurada, alterada e lenta antes da popularização da internet e do crescimento do número de redes sociais. 
Ainda hoje, nessa era de tanta comunicação onde podemos explicar pontos de vistas e sermos ouvidos por milhares de pessoas ao mesmo tempo, muitos não sabem direito o que é o feminismo. Mesmo que as fontes de informação estejam na ponta dos dedos, as pessoas têm ideias distorcidas dos valores e objetivos da luta das mulheres. Consegue imaginar como seria se ainda hoje não houvesse a internet?
Os elos entre indivíduos de todos os cantos que as redes como o Facebook criaram, foram de grande valia para a emancipação das mulheres. Quantos casos de violência e assédio deixariam de ser expostos e denunciados? Quantas mulheres deixariam de se encorajar a partir dos depoimentos das outras? Quantas mulheres tomariam consciência dos seus direitos e perceberiam que estão em relacionamentos abusivos? Quantas mulheres continuariam em depressão acreditando que a culpa foi delas?
Além de proporcionar mais informação às mulheres, a internet também permitiu que mais discussões fossem estabelecidas. Discutir as diferenças salariais, por exemplo. Em certos casos, a internet acaba por corrigir os machismos da televisão. Enquanto certas emissoras usam sua influência para mostrar o caso de uma mulher que é pega traindo o marido e transformam-na em chacota nacional, a internet acaba por servir de advogada refletindo "e se fosse a mulher encontrando o marido no motel com outra, estaria na TV?". E mais, com certeza não foi o número de matérias sobre feminismo na televisão brasileira que levaram o tema de "violência contra a mulher" ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Não que a internet seja um mar de rosas onde só existem pessoas críticas e justas. Nela também encontramos os discípulos de Bolsonaro, Malafaia e Feliciano; pessoas que insistem em mandar mulher lavar louça; pessoas que dizem que estávamos pedindo e que merecemos as violências que nos cercam. Mas a internet proporciona coisas tão boas para nós, que por mais que exista muita gente misógina nos atacando, a internet ainda assim serve para evidenciar e expor ao mundo porquê precisamos sim do Feminismo.
Embora ainda vejamos muito machismo e misoginia na grande mídia, sabemos que ao abrir o notebook ou pegar o celular, encontramos uma comunidade de irmãs que se entendem e apoiam. Mulheres que, unidas pela sororidade, empoderam todas as gerações e lutam para mudar o mundo!



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A TPM para atacar mulheres.

Em geral, destacam-se dois grupos de homens que se acham no direito de opinar na natureza feminina. Há aqueles que dizem que TPM é uma mentira que as mulheres inventam para usar de desculpa ao mau-humor. E há também aqueles que usam a TPM para desqualificar tudo o que uma mulher faz e fala. 
Recentemente, tive que ouvir um familiar dizer ao meu namorado que provavelmente eu não sairia para o bloco de carnaval, pois eu estaria com cólica. WHAT? Eu sequer estou perto do meu período de menstruação e não me queixei de cólica nem TPM. Respondi brava, óbvio.
Primeiramente, se uma mulher está de TPM ou não, só cabe a ela saber disso. É extremamente invasivo, desagradável e machista ficar dizendo que qualquer comportamento da mulher se deve à TPM. Como se as mulheres só pudessem realmente agradar e serem meigas, mas quando se impõe e contrariam, estão de TPM. E mais, se a mulher está com TPM, cólica ou qualquer outra coisa em seu corpo, a divulgação (ou não divulgação) só diz respeito à ela. Como assim vão sair dizendo que estou de TPM? Como alguém de fora do meu corpo pode afirmar isso? E se eu estiver, cadê meu direito de omitir e guardar minha intimidade para mim? Como um homem se sente no direito de avaliar meu corpo? Opinar sobre minha situação? Divulgar suas conclusões sobre mim? E se eu quiser dizer, eu preciso de auto-falante? 
De forma alguma um homem pode sair dizendo que a mulher está com tensão-pré-menstrual! Ainda que a mulher diga que está de TPM, não está autorizando que o ouvinte saia contando a situação. Quando a mulher quiser que alguém saiba sobre sua tensão, ela pode muito bem dizê-lo, sem precisar do auxílio de um homem-sabixão para isso. E quando ela não disser nada, não cabe a nenhum macho tentar adivinhar. 
Em segundo lugar, TPM não é invenção, é comprovada a variação hormonal no corpo feminino. Então, parem de tentar saber o que é real no nosso corpo se você não tiver um igual. Eu não duvido quando alguém me diz que o saco dói quando o tesão passa e não se goza, sabe por que? Porque eu não tenho um saco.
É claro que eu não estou usando TPM como justificativa a homicídio nem nada do tipo, da mesma forma que não justificaria estupro com a dor do saco. Mas acontece que as variações de humor existem e devem ser tratadas com mais naturalidade e seriedade.
Resumindo, TPM tem que sair do vocabulário de homem metido a sabe-tudo. Homem que não acredita, fique na sua. Homem que acredita, para de querer diagnosticar TPM nas mulheres e usar isso de arma para transformar as minas em desequilibradas, alteradas, estressadas e tudo que desqualifique as atitudes delas. 
Limitem-se a ler a respeito e tentar melhorar como amigo, irmão, pai, namorado e cidadão.

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Mulher não pode ter passado!

Em uma viagem entre amigos, entramos numa conversa a respeito de ciúmes. Conversando com a outra garota, pude chegar na conclusão que eu menos gostaria: nossa geração tem a mesma mentalidade de séculos passados! Percebi que ela havia ouvido coisas que eu também já havia ouvido, e isso faz a gente cansar da sociedade.
No final das contas, vimos que alguns rapazes têm ideias retrógradas em que as mulheres são impedidas de terem um passado. Isso é bem curioso, porque existem alguns pontos de vistas divergentes a esse respeito.
Alguns homens acham ofensivo estarem namorando mulheres que têm passado amoroso e sexual, acham que se relacionar com uma mulher virgem é mais digno do que com uma mulher com certa experiência (mas no final das contas, entre quatro paredes, sabemos que essa preferência se inverte né...). 
É interessante refletir sobre o que pode gerar esse tipo de mentalidade a respeito da sexualidade feminina e nossas experiências passadas. Ao meu ver, isso só remete à ideia de propriedade que os homens insistem em ter a nosso respeito. Talvez eles não o façam conscientemente, mas mesmo assim reproduzem essas ideias pois foram criados com elas e certamente as repassam também. Saber que o "território" em que estão já foi "descoberto e explorado" por outro homem, causa certa estranheza e ciúmes. Mas se alguma mulher sair por aí falando que homem para casar tem que ser virgem e que homem que não é virgem não presta, com certeza vão olhar para ela e tentar justificar isso com alguma frase machista do tipo "homem tem suas necessidades".
Ai entramos nas discordâncias e incoerências dos homens. Eles querem encontrar mulheres virgens, mas também boas de cama e ao mesmo tempo não se mantiveram virgens e não vêm problema nisso (atitude de idiota, sim ou claro?).
Certa vez, vi na internet uma boa explicação para o conceito de virgindade. Lá, dizia que a virgindade foi um conceito desenvolvido por homens tão egocêntricos que achavam que seus pênis eram incríveis o bastante para mudar a vida de uma mulher para sempre.
Não sei com relação a você que está lendo, mas a pessoa que eu era no meu último dia de virgindade era exatamente igual a pessoa que eu era no dia seguinte. Uma mulher virgem, uma que teve um parceiro ou outra que teve cem parceiros são exatamente iguais e têm exatamente o mesmo valor.
Um homem  que se importa com a quantidade de caras com que uma mulher se relacionou só prova ser extremamente inseguro com relação a sua performance sexual e tem medo de ser comparado de forma negativa no subconsciente da mulher.
Para um homem seguro, estar com uma mulher experiente não é um problema. Muito pelo contrário. Gostaria de informar aos homens leitores que uma mulher experiente só está com você porque ela gosta de você e não porque está insegura. Já fui virgem e sei as coisas curiosidades e expectativas que passam pela cabeça de qualquer um. Se você acha que tirar a virgindade de uma mulher é grande coisa, queria te informar que seu pênis não é esse troféu todo que você está achando e que um hímen não difere mulher boa de mulher ruim. E mais, você só quer tirar a virgindade dessa mulher porque prefere uma mulher insegura que nunca experienciou nada além de você do que uma mulher que te compare e decida "eu realmente quero ficar com ele".

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