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Coisas parecidas não são iguais.

As pessoas, em geral, tem a tendência de confundir coisas parecidas. Ultimamente, eu vivenciei alguns episódios que me levaram a refletir a respeito. 
Nas últimas semanas, minha universidade passou por certa turbulência, pois uma parte dos alunos queria fazer uma Greve Estudantil. Os problemas que estavam em questão eram principalmente a falta de bolsas de permanência suficientes para todos os alunos, o medo da privatização da pós graduação, a contratação de professores e (estava escrito nas pautas) contra o golpe.
Pois bem, vamos lá. Começando de traz para frente nessa questão, aqui vai a MINHA opinião, que assim como cada um tem a sua eu também tenho a minha. Seja ou não seja golpe, isso não é pauta para fazer greve na universidade. Muitos alunos que apoiam a causa da permanência não concordam com a questão política e os movimentos estudantis têm que buscar a imparcialidade. 
Com relação à contratação de professores, sabemos que o país não está num bom momento e a economia está sim bem fragilizada. Isso não significa que a causa não é importante, isso só significa que não é hora de pedir mais professores e menos substitutos.
A privatização da pós graduação. Eu já havia visto a existência desse tópico há um certo tempo, e pesquisei mais a respeito quando vi as pautas da Greve. A questão é que a privatização ficou a cargo de cada universidade, não foi uma imposição feita pelo governo nem nada. Ou seja, se uma universidade pública quiser instaurar a cobrança para mestrado e/ou doutorado, ela pode. Acontece que a minha universidade, no caso, não se manifestou dizendo que tomaria tal atitude. Sendo assim, eu entendo que não é o momento de reivindicar essa pauta, visto que a UNESP não aderiu a cobrança.
E então chegamos na mais relevante e importante das pautas, a permanência estudantil. Quando eu soube que havia pessoas desistindo do curso por falta de comida, isso me deixou profundamente magoada. Quem é realmente próximo a mim, sabe que eu pensei em mil ações para ajudar essas pessoas. 
Embora seja obrigação do governo prover condições para as pessoas estudarem de forma digna, eu acho simplesmente hipocrisia as pessoas fazerem greve para ajudar quem passa fome, mas não ter coragem de dividir o que tem. Não deixa ninguém mais pobre passar no mercado e comprar um pacote de arroz, feijão, leite, etc. Não somente isso, mas quem conhece o ambiente universitário sabe como é possível movimentar dinheiro. Festas universitárias são sempre uma opção para melhorar o orçamento de repúblicas, e o lucro poderia muito bem ser revertido para a compra de cestas básicas. Além disso, poderiam vender rifas e artigos como moletons, camisetas e afins (bem como as comissões de formatura fazem) para arrecadar dinheiro para as pessoas que precisam de auxílio para pagar aluguel. Até mesmo propus a arrecadação de absorventes para ajudar as meninas que estejam passando por essa situação de precariedade, visto que absorvente é relativamente caro.
Infelizmente, os estudantes não têm apoio verdadeiramente legal para fazer greves. Inclusive, no regimento de nossa Universidade, as faltas coletivas estão claramente declaradas como faltas que não serão repostas e não prevê Greve Estudantil. O fato de não termos suporte e proteção legal para fazer esse tipo de movimento prejudica a todos alunos uma vez que nossos professores continuam suas atividades normalmente. Uma turma inteira ficou com zero em uma prova de Física por não conseguir entrar na universidade por conta de um piquete feito na porta do instituto.
Vários alunos da universidade são bolsistas de Iniciação Científica e, portanto, não podem ter recuperações ou reprovações. Como ajudar os alunos que precisam de permanência sem prejudicar os alunos que possuem bolsas de IC? Não vi as pessoas favoráveis a greve incentivarem esse tipo de conversa e discussão. Algumas pessoas realmente mostravam que não queriam ajudar os colegas, apenas queriam a greve.
Enfim. O problema é que o ódio se instaurou. As pessoas pró-greve começaram a odiar as pessoas contra a greve e começaram a dizer "vocês são egoístas etc". Confundir coisas muito próximas é um erro bem comum no mundo. Vamos analisar. Ser contra a greve estudantil não significa que a pessoa é contra as pautas da greve, significa apenas que a pessoa é contra a greve como medida de solução. Sendo assim, ser contra a greve não significa ser contra a permanência, nem contra as classes mais carentes. 
Alguns generalizavam como se aqueles que são contra a greve representassem a Direita na universidade (inclusive sites de partidos de esquerda acabaram publicando matérias nas quais classificavam os estudantes contrários a greve como a Direita).
Uma pessoa de esquerda não necessariamente tem que concordar com tudo que um grupo de pessoas de esquerda propõe, e muito menos concordar com todos os movimentos e greves. É preciso filtro, análise e senso crítico. Ser de esquerda é ser a favor das classes mais pobres e dos direitos iguais para todos independente da renda, sem privilégios baseados no dinheiro etc. As pessoas que são contra a Greve não necessariamente são a Direita na universidade. É preciso menos julgamento e mais pensamento para não confundir o cu com a bunda em certos casos.
Não somente nisso, mas também sobre feminismo.
Estava no meu Facebook e vi postagens sobre sororidade não ser sobre amar as mulheres que te fizeram mal. De fato, sororidade não é sobre amar as mulheres que te fizeram mal!
Sororidade é sobre trocar de lugar, entender que a luta não é só das outras, mas também é nossa. Sororidade é entender algo mais forte nos une, o preço que pagamos diariamente pela nossa natureza.
É importante saber que mesmo você não sendo melhor amiga da pessoa e mesmo tendo muitas diferenças ideológicas com ela, vocês continuam tendo uma luta em comum, e como toda luta, é melhor se unir para lutar.
Uma coisa que tenho percebido bem comum também é algumas garotas associarem a sororidade com a afinidade. Pois bem, eu posso até não ter amizade e não gostar de várias coisas que uma garota fez e faz, mas o feminismo me ensinou a separar as coisas. Talvez isso seja mais sobre amadurecer ou até mesmo algo pessoal meu. Não sei. O que sei é que independente de eu desgostar de várias coisas que uma garota faz, e mesmo que eu não queira a amizade nela para o meu dia-a-dia, eu sei que temos uma luta juntas, e que é preciso se unir. Não tem como se dizer feminista e achar que não tem obrigação de ajudar uma mulher só porque não tem amizade ou porque não vai com a cara dela. Mais errado ainda é boicotar e difamar uma mulher seja lá pelo que for, mana.
Bom, resumindo, acho que é preciso parar para pensar mais. Às vezes, nem tudo é o que parece, e você que paga de "desconstruído/a" acaba gerando preconceitos. Além disso, não adianta achar que só pode lutar do seu lado por direitos iguais as mulheres que você aprova, coleguinha. A luta não é PARA VOCÊ, a luta é POR NÓS. Vamos melhorar, vamos PENSAR!

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